Eu Sou Malala - Resenha


"Nasci como filha orgulhosa do Paquistão, embora, como todos os swatis, pense em mim primeiro como swati, depois como pachtum e finalmente como paquistanesa."

Claro que antes de ler esse livro, antes já tinha ouvido muitos acontecimentos em volta da Malala e até vistos alguns vídeos dela falando (como por exemplo, uma na ONU - inclusive recomendo demais vocês assistirem! - cliquem aqui), mas não tinha conhecimento de tudo pelo qual ela passou.
Quando pensamos nela, lembramos rapidamente de quando ela tomou um tiro -  até porque para a grande maioria e para o mundo, ela ficou conhecida por causa disso. Mas ao ler "Eu Sou Malala", Editora Cia. das Letras, descobrimos que a vida dela é muito mais do que isso. Aliás, a própria Malala diz no livro que ela gostaria de ser lembrada por ser a menina que lutou pela educação e não que tomou um tiro do Talibã.
O livro vai mostrar desde a infância da Malala até quando o Talibã tomou controle do vale do Swat. Desde pequena ela já não entendia porque as meninas não podiam estudar com os meninos, porque elas não tinham o mesmo direito que eles e o porque milhões de crianças (meninas e meninos) não terem direito à educação.
Ela, desde pequena, tinha indagações à respeito de direitos e política por causa do pai dela, que apesar da cultura em que vivia, sempre foi contra essa desigualdade entre os sexos e sempre apoiava e incentivava a Malala em suas ideias e seus discursos. Mesmo em relação à mãe, que nem sempre concordava com tudo, e muitas vezes acreditava que ela não merecia estudar - era o pai que tentava mudar esse pensamento.

"Naquele inverno nevou como sempre, mas não havia a mesma alegria em fazer bonecos de neve. Com o frio, os talibãs desapareceram nas montanhas, mas sabíamos que retornariam e não fazíamos ideia do que teríamos pela frente. Acreditávamos que a escola voltaria a funcionar. O Talibã podia tomar nossas canetas e nossos livros, mas não podia impedir nossas mentes de pensar."

A Malala considerava muito importante o estudo e levava a escola muito a sério - principalmente depois que o seu pai construiu uma escola em que as meninas podiam estudar. Várias e várias vezes o Talibã ameaçava a escola com bombas (algo muito comum nesta época), mas o pai resistia.
Em relação ao tiro; foi dada por dois homens do Talibã e era direcionado à ela. Pois ela estava voltando da escola, num ônibus escolar quando esses homens param o automóvel perguntando por ela. E apesar de ninguém responder, todos os rostos se viram para ela - a ponto do atirador entender quem era ela e atirar. A bala atingiu um pouco acima do olho esquerdo e por muito pouco ela não morreu.
Sabe quando dizemos que o tempo tem tudo preparado para a gente? Ou quando falamos que tudo que fazemos uma hora volta para a gente? Então, por tudo que ela lutava (e ainda luta), seria muito cedo para ela morrer. E não foi só o desespero dos pais dela, que não sabiam se ela sobreviveria ou não. Teve ainda a dificuldade de arranjar médicos e locais em que pudessem cuidar dela sem ter um alvo nas costas. Tanto que tiveram que tirar ela do Paquistão e levar para a Inglaterra para conseguirem salva-la. Ela acabou ficando com uns resquícios do tiro, mas por tudo que ela passou, é muito pouco...
Infelizmente, até onde sei, ela está "proibida" de entrar no país dela. As ameaças feitas pelo Talibã ainda são fortes e a família tem medo de voltar e os militantes tentarem mata-la novamente.
O começo do livro é um pouco devagar, principalmente quando ela narra a infância dela. Mas quando ela começa a atuar mais ativamente quanto à repressão, a leitura flui.
Uma leitura que vale DEMAIS e tem que ser feita por todos. Seria um livro interessante para ser lido nas escolas de todo o mundo. Muitas vezes não damos importância para a educação, pois ainda temos. No entanto, em um momento em que não tivermos mais, saberemos o quão importante é poder estudar!
Se fosse ficção, não seria tão trágico!

"No Paquistão, quando as mulheres dizem que querem independência, as pessoas acham que isso significa que não desejam obedecer a seus pais, irmãos ou maridos. Mas não é isso. Significa que queremos tomar decisões por conta própria. Queremos ser livres para ir à escola ou ir trabalhar. Não há nenhum trecho no Corão que obrigue a mulher a depender do homem. Nenhuma mensagem dos céus estabeleceu que toda mulher deve ouvir um homem."

Até a próxima e boa leitura!
Carol!!!

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