Sem Clichês e Filtros: Uma Duas
segunda-feira, 6 de março de 2017
"Eu já não sofria tanto, eu acho. Vivia em mim e seguia a rotina dos dias como uma sonâmbula com os dois olhos abertos só para dentro. Quem perdeu muito sabe que há um certo alivio em não esperar nada de bom, e não desejar nada. Eu era criança mas vivia como um adulto que tivesse perdido muito. E era melhor assim. Eu e a minha mãe em nossa rotina calada. Era possível viver sem achar que a vida era um grande milagre."
Que livro foi esse, meus amigos? "Uma Duas", de Eliane Brum, Editora Leya, foi um livro torturante, inconveniente, difícil de descrever e digerir.
É muito mais complexo do que parece, muito mais amargo do que sugere, enfim; um livro para poucos!
Eliane mexe numa ferida perigosa que é, muitas vezes, alguns relacionamento entre mãe e filha. Não é o natural, mas acontece nas melhores famílias.
"Uma Duas" é a história escrita com sangue de um relacionamento que desde sempre nunca deu certo. Uma história de abuso, de medo, de solidão, de dependência. Uma história que dói ser contada, dói ser ouvida, constrange sem piedade.
É difícil de definir, de explicar. É um relacionamento entre mãe e filha que nunca deu certo, que mescla entre ódio e amor, raiva e piedade.
Até onde a nossa consciência nos poupa de certos sofrimentos e até onde ela nos sacrifica por nossas fraquezas? Difícil de saber... Certas coisas é melhor deixar escondidas mesmo, porque vindo à tona, nos trás sofrimentos que nem sempre estamos preparados para enfrentar, e o resultado... pode ser avassalador e irrecuperável!
Não é um livro que recomendo para todos. É visceral e nauseante. Mas, se quiser arriscar... Mergulhe nesse abismo de incompreensão e subjetividade.
Abraço,
Cláu Trigo
Apaixonada por livros, amantes de filmes, viciada em séries!
Geminiana, futura filósofa ou bibliotecária, o que me der um trabalho primeiro. Torcedora do São Paulo - de brigar e chorar pelo time!
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