J. R. R. Tolkien: O Senhor da Fantasia (Biografia)


"A popularidade de O Senhor dos Anéis tem que ser entendida no contexto daquele grupo que mais seguramente garantiu a sua reputação, os jovens insatisfeitos da classe média industrial do Ocidente da metade da década de 1960. O livro foi uma influência seminal na popular subcultura do período, um artefato tão atraente comercialmente quanto um disco de Bob Dylan." (Nigel Walmsley)

No mês de fevereiro decidimos que iríamos ler uma biografia. Vou ser sincera, foi uma grande desafio para mim. Não curto biografias - não sei por qual motivo, mas elas não me despertam muita curiosidade. Então para facilitar um pouco a situação, tinha que achar e ler uma que mudasse um pouco a minha visão sobre esse estilo literário.
Procurei biografias de vários autores que gosto, mas não achei muitos. Queria muito ler uma da J. K. Rowling - porém só existe uma edição meio antiga que é bem difícil de encontrar para comprar. Então fui para a minha segunda opção: Tolkien. Apesar de ainda não ter lido a sua trilogia principal, AMO os filmes, li no começo desse ano O Hobbit (que também gostei bastante) e sempre fui muito interessada na vida dele. Principalmente por causa das influências que as duas Grandes Guerra tiveram em suas obras e pela sua amizade com o C. S. Lewis. Acabei então ficando com "J. R. R. Tolkien: O Senhor da Fantasia", Michael White, Editora DarkSide.
Estava bem esperançosa sobre o livro e posso dizer que ele teve momentos bons e momentos ruins. Do começo até mais ou menos o meio do livro, a leitura estava bem devagar. Alguns dos comentários do autor ao falar sobre os pais do Tolkien, principalmente o pai, me incomodaram bastante. Sinceramente, isso me atrapalhou várias vezes na leitura e por isso o começo foi bem devagar. Além do tom meio que preconceituoso ao relatar os anos que eles viveram na África do Sul... Mas depois ele melhora um pouco essa questão.
Tolkien desde pequeno já era muito inteligente. Com 11 anos, ele já falava inglês (óbvio, rsrs), francês, alemão, grego e o inglês médio (refere-se à língua e à literatura do período entre 1100 e 1500). Mas ele teve uma infância bem difícil, pois seu pai faleceu quando ele ainda era bem novo e quando tinha 12 anos a mãe dele desmaiou na frente dele e do irmão, Hilary, e alguns meses depois veio falecer de diabetes.
Enquanto ele era jovem, ele morou em várias cidades pequenas na Inglaterra e todo ano tinha que mudar de casa, pois a mãe não tinha condições de se manterem. Quando ele estava gostando do local que estavam morando, eles tinham que se mudar novamente. Quando a mãe faleceu, eles foram morar com a tia em Edgbaston e foi a partir daí que a religião ganhou muito espaço na vida do Tolkien.
Nesse tempo que morou com a tia, Tolkien ficou muito próximo e via como um pai o padre Francis. Por causa dessa proximidade, o padre percebeu que eles não estavam felizes morando com a tia e encontrou uma alternativa para eles. Um casal de amigos do padre alugavam quartos e mais uma vez os irmãos se mudaram de casa. Foi com o padre Francis que Tolkien começou a focar nos seus estudos, e já adolescente conseguiu uma bolsa na Faculdade de Oxford.
Foi em Oxford que ele começou a ter ideias para o Hobbit e posteriormente para o Senhor dos Anéis. Foi também na Faculdade que ele conheceu Lewis e criou o clube literário chamado Inklings.
O capítulo mais legal é o que fala da amizade dele com o Lewis. E vou ser sincera, eu li as 250 páginas esperando por esse capítulo. É uma parte muito interesse da vida do Tolkien, pois ele já tinha publicado o Hobbit, já tinha um certo reconhecimento e estava escrevendo O Senhor dos Anéis. Ao mesmo tempo, Lewis já tinha publicado Nárnia, e para desgosto de Tolkien, tinha ficado mais famoso e vendido mais. Para o senhor da fantasia, o que mais o irritava era a velocidade que Lewis tinha escrito Nárnia - para ele, um livro escrito em seis meses não podia ser uma boa história. Outra coisa que ele não gostava era que Lewis não era muito religioso e Tolkien achava isso essencial! Eles várias vezes discutiram por causa disso.
Ele era muito chato com a sua escrita e por isso ele reescrevia seus textos várias e várias vezes. Os seus livros demoraram anos para serem publicados por causa disso e acabava que os editores não gostavam nada dele.
No final foi uma boa leitura. Não sei se leria outra biografia, acho que o estilo literário realmente não funciona comigo. Mas tirei duas conclusões depois do término: primeiro, que Tolkien era um chato de galocha; segundo que Lewis parecia ser muito mais legal.
Antes de ler, apesar de saber que Tolkien era muito religioso, me parecia que Lewis era muito mais, pois em Nárnia tem mais representação religiosa do que nos livros do senhor da fantasia. Porém, na vida social, Lewis não ligava muito para isso, enquanto Tolkien sempre arrumava brigas por causa desse assunto.
Se acabar lendo alguma outra biografia, com certeza procurarei uma do Lewis, pois me interessei mais pela vidas do autor.
Tolkien e suas obras foram extremamente importantes para a literatura e ele foi um mestre da fantasia, mas era um tremendo de um chato. Além de ser machista e intolerante à outras religiões.
A edição da DarkSide está maravilhosa e ainda vem com um pôster lindíssimo!

"Em termos de popularidade global, o gênero fantástico é hoje um dos mais importantes, mas quando Tolkien começou a escrever, a "ficção fantástica" (ou os "romances épicos" como é chamada por alguns) estava muito à margem e era sempre incluída entre as obras seminais de ficção científica."

Até a próxima e boa leitura!
Carol!!!

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