Na Própria Carne - Resenha/Desafio


"Arrependia-me do quanto fui séria quando adolescente: não tinha nenhum pôster de pop stars ou de algum filme predileto. Nenhuma coleção de fotos de meninas ou corpetes. Em vez disso, quadro de veleiros, imagens bucólicas em tons pasteis e um retrato de Eleanor Roosevelt. Este último era particularmente estranho, já que eu conhecia muito pouco a respeito da senhora Roosevelt, exceto que era boa - o que na época, acho que deveria bastar. Hoje em dia, preferiria um retrato da esposa de Warren Harding, "a duquesa", que registrava todas as ocasiões em que se sentia ofendida, por menores que fossem, em um caderninho vermelho, e se vingava de cada uma. Atualmente prefiro minhas primeiras-damas com um pouco de crueldade."

Mais um desafio completado! "Na Própria Carne", de Gillian Flynn, Editora Rocco, foi meu livro de fevereiro. Missão cumprida!
Dos três livros de Gillian Flynn, esse é DISPARADO, o melhor. Não existe nem margem para comparação. E detalhe: esse foi seu livro de estreia e o único que não virou filme. Triste.
Fiquei bastante receiosa no começo, não achei os dois anteriores: "Garota Exemplar" e "Lugares Escuros" grandes livros. Na verdade, achei bem mediano. Já "Na Própria Carne" nos trás uma história bem construída, com personagens envoltos com seus próprios dramas e demônios. Com passados repletos de angustias, medos, rejeições. Um drama psicológico muito bem estruturado e realista.
A vida da solitária Camille Preaker em Chicago resume-se a escrever matérias para a editoria de polícia do jornal Daily Post, beber vodca além da conta e torturar-se pelo passado que deixou para trás na pequena Wind Gap, sua cidade natal. É para lá que seu editor a envia em busca de um furo de reportagem. Naquela comunidade ao sul do Missouri, um serial killer faz de crianças as suas vítimas.
Para conseguir as informações de que precisa, Camille necessita de coragem. Além de enfrentar uma população amedrontada e avessa a entrevistas, seu maior desafio é vencer o receio de reencontrar a mãe, Adora. Dona de uma personalidade ao mesmo tempo fria e super protetora, ela dá voz ao que Camille tenta silenciar: cicatrizes tão antigas quanto dolorosas.
Elas estão em todo seu corpo e são as testemunhas de uma adolescência marcada por drogas, sexo e a estranha morta de sua irmã mais nova. Escrever palavras na própria carne com faca, gilete ou qualquer outro objeto cortante foi sua reação à angustia.
Enquanto se aproxima da verdade sobre os crimes de  Wind Gap, suas cicatrizes gritam mais e mais enquanto mergulha no passado. Lá estão as respostas  para os mistérios de hoje e os traumas do passado.
Histórias antigas de sua família vem à tona e Camille precisa lidar com seus piores fantasmas.
Recomendo!

Só um detalhe importante: "Na Própria Carne" é o título da Editora Rocco. Pela Editora Intrínseca saiu como "Objetos Cortantes" .

Cláu Trigo

2 comentários

  1. Uau, depois dessa resenha tá na nossa lista com certeza <3

    ResponderExcluir
  2. Já estou de olho nos livros dela tem um tempinho, só assisti aos filmes até agora. Porém pretendo ler se não todos pelo menos Garota Exemplar.
    Beijos.
    http://recolhendopalavras.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir